00 CAMPUS ARISTÓTELES CALAZANS SIMÕES (CAMPUS A. C. SIMÕES) FALE - FACULDADE DE LETRAS Dissertações e Teses defendidas na UFAL - FALE
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Tipo: Tese
Título: “Quem tem medo do essencialismo? ”: o ecofeminismo estratégico dos contos de fadas de Marina Colasanti
Título(s) alternativo(s): “Who's Afraid of Essentialism”: Strategic Ecofeminism in Marina Colasanti's Fairy Tales
Autor(es): Silva, Edilane Ferreira da
Primeiro Orientador: Brandão, Izabel de Fátima de Oliveira
metadata.dc.contributor.referee1: Deplagne, Luciana Eleonora de Freitas Calado
metadata.dc.contributor.referee2: Santos, Elaine Cristina Rapôso dos
metadata.dc.contributor.referee3: Cavalcanti, Ildney de Fátima Souza
metadata.dc.contributor.referee4: Silva, Susana Souto
Resumo: Esta tese analisa contos de fadas contemporâneos da escritora ítalo-brasileira Marina Colasanti, distribuídos em obras lançadas entre 1979 e 2014, que evidenciam as inter-relações de personagens femininas, masculinas e da natureza mais-que-humana. São eles: “Por duas asas de veludo”, “Um espinho de marfim”, “Entre as folhas do verde O”, “Como os campos”, “Debaixo da pele, a lua”, “No aconchego de um turbante”, “São os cabelos das mulheres”, “Quem me deu foi a manhã”, “Poça de sangue em campo de neve”, “Vermelho, entre os troncos” e “Um presente no ninho”. Nessas narrativas, as mulheres representadas são associadas à natureza mais-que-humana e as personagens masculinas são opressoras tanto dessas mulheres quanto de animais e de outras mimetizações do universo mais-que-humano. Assim, utilizo o ecofeminismo como perspectiva teórica, baseando-me, sobretudo, nas contribuições de Vandana Shiva e Maria Mies (1993), Karen Warren (2000), Greta Gaard (2017 [2010]; 2011), Izabel Brandão (2019; 2017; 2003), Carol Adams (2012 [1990]), Starhawk (1989), Charlene Spretnak (1989) e Deena Metzger (1989), entre outras/os críticas/os e teóricas/os da ecologia e dos feminismos. Para o aprofundamento das questões propostas, este trabalho se distribui em duas partes. A primeira delas revela o viés essencialista desses contos, na medida em que definem as mulheres – por suas conexões com a natureza –, como sempre oprimidas e os homens como sempre opressores. O meu argumento, contudo, é o de que esse essencialismo relacionado à representação feminina é estratégico e contingencial, uma vez que é a partir da vinculação com as naturezas externa e interna que as personagens femininas resistem às opressões impostas pelo patriarcado. Além disso, a autora promove um “uso afirmativo” e um “realinhamento” – usando aqui as expressões de Mary Russo (2000) – da relação mulheres/natureza, ressignificando, especialmente, o conceito de natureza, a qual é construída com agenciamento, em conformidade com a discussão de Stacy Alaimo (2017 [2010]), sobre “movimentos transcorpóreos”. Assim, para abordar o essencialismo, lanço mão dos estudos de Russo, Alaimo, assim como de Gayatri Spivak (2010 [1985]) e Diana Fuss (2017 [1989]). A segunda parte da tese demonstra que, ao associarem as mulheres ao mundo mais-que-humano, as narrativas apontam para uma espiritualidade imanente, que associo à perspectiva do ecofeminismo cultural ou espiritualista, também acusado de essencialista por parte da crítica feminista. Sustento, porém, o caráter igualmente estratégico dessa vertente ecofeminista nas narrativas colasantianas, sobretudo quanto à relação ética com a natureza e ao empoderamento das personagens femininas. Nesse sentido, apresento o que chamo de “conexão compensatória”, conceito que reivindica a consideração da dimensão espiritual nos processos de resistência das mulheres. Ainda nessa parte, são analisados contos que se diferenciam dos demais ao apresentarem duas personagens masculinas não tóxicas e uma feminina não conectada com a natureza, a partir da associação e da crítica a arquétipos da psicologia profunda de Carl G. Jung. As conclusões propõem alguns norteamentos, como a importância de um viés ecofeminista nos contos de fadas, gênero tradicionalmente marcado pela reificação das mulheres e da natureza, mas também a necessidade de amadurecimento de uma perspectiva ecofeminista compensatória, que supere o essencialismo e as dicotomias, mas integre aspectos importantes da existência, como a espiritualidade.
Abstract: This doctoral dissertation analyses contemporary fairy tales by Italian-Brazilian writer Marina Colasanti, distributed in works released between 1979 and 2014, that highlight the inter-relations of female, male and more-than-human nature characters. The are: “Por duas asas de veludo”, “Um espinho de marfim”, “Entre as folhas do verde O”, “Como os campos”, “Debaixo da pele, a lua”, “No aconchego de um turbante”, “São os cabelos das mulheres”, “Quem me deu foi a manhã”, “Poça de sangue em campo de neve”, “Vermelho, entre os troncos” and “Um presente no ninho”. In these narratives, the women represented are associated with the more-than-human nature and the male characters are oppressors of these women as well as the animals and other mimetic process of the more-than-human universe. Thus, I make use of ecofeminism as a theoretical perspective, based, mainly, on the contributions of Vandana Shiva and Maria Mies (1993), Greta Gaard (2017 [2010]; 2011), Izabel Brandão (2019; 2017; 2003), Carol Adams (2012 [1990]), Starhawk (1989), Charlene Spretnak (1989) and Deena Metzger (1989), among other critics and theorists of ecology, and of feminisms. For deeper understanding of the questions proposed here, this work is divided into two parts. The first one reveals the essentialist bias in these tales, in the extent that they define women – because of their connections with nature -, as ever oppressed and men as ever the oppressors. My argument, nonetheless, is that such an essentialism related to the female representation is strategic and contingent, for it is from the bond with both external and internal natures that the female characters resist the oppression imposed on them by the patriarchy. Moreover, the author promotes an “affirmative use” and a “realignment” – using here Mary Russo’s (2000) notions – of the relation women/nature, ressignifying, especially, the concept of nature, which is constructed with agency, according to Stacy Alaimo’s (2017 [2010]) view of “transcorporeal movements”. Thus, to address essentialism, I refer to the studies of Russo, Alaimo, as well as Gayatri Spivak (2010 [1985]) and Diana Fuss (2017 [1989]). The second part of this work shows that, in associating women to the more-than-human world, the narratives indicate na immanent spirituality, which I understand from the perspective of a cultural or spiritual ecofeminism, also accused of essentialism by the feminist criticism. I support, however, the equally strategic character of this ecofeminist trend in Colasanti’s narratives, especially when it comes to the ethical relation with nature and the empowerment of the female characters. In this sense, I present what I call “compensating connection”, concept that vindicates the consideration of the spiritual dimension in women’s resistance processes. Still in this part, I analyze tales that differ from the others for presenting two non-toxic male characters and a female one not connected with nature, parting from the association and the criticism to archetypes of Carl G. Jung’s depth psychology. The conclusions propose some direction, such as the importance of an ecofeminist bias in the fairy tales, a genre traditionally marked by the reification of women and nature, but also the need for the development of a compensatory ecofeminist perspective, that may overcome the essentialism and the dichotomies, but also incorporate important aspects of existence, such as spirituality.
Palavras-chave: Contos de fadas
Colasanti, Marina, 1937-
Ecofeminismo
Essencialismo
Fairy tales
Colasanti, Marina, 1937-
Ecofeminism
Essentialism
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Alagoas
Sigla da Instituição: UFAL
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura
Citação: SILVA, Edilane Ferreira da. “Quem tem medo do essencialismo? ”: o ecofeminismo estratégico dos contos de fadas de Marina Colasanti. 2021. 161 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) – Universidade Federal de Alagoas. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística. Maceió, 2021.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.repositorio.ufal.br/jspui/handle/123456789/8420
Data do documento: 26-fev-2021
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