00 CAMPUS ARISTÓTELES CALAZANS SIMÕES (CAMPUS A. C. SIMÕES) FALE - FACULDADE DE LETRAS Dissertações e Teses defendidas na UFAL - FALE
Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.repositorio.ufal.br/jspui/handle/riufal/6298
Tipo: Tese
Título: "Olhos, espelho e luz": o imbricamento de discursos e a ironia em Os autos de defesa, de Vieira, como marca de atualidade contínua do escritor
Autor(es): Leite, Karine Vasconcelos
Primeiro Orientador: Lima, Roberto Sarmento
metadata.dc.contributor.referee1: Silva, Claudia Roberta Tavares
metadata.dc.contributor.referee2: Alves, Carlos Henrique Almeida
metadata.dc.contributor.referee3: Serafim, Marcos Henrique Lucena
metadata.dc.contributor.referee4: Lima, Ana Cecilia Acioli
Resumo: A ironia é vista como uma forma estético-argumentativa do discurso de Padre Antônio Vieira porque é um tropo de consistência, sobretudo porque pela ironia se percebe um modo de visão de realidade, um modo político de ser. O autor, ao mesmo tempo que se serve de argumentos e metáforas tirados da religião (seu conservadorismo), apresenta-se como um defensor de idéias abalizadas nas ciências, na matemática, na filosofia, astrologia, etc. (seu lado progressista). Vieira, crítico de sua época, abraça o código barroco que dizia repudiar – isso já é irônico. A própria história de vida e obra dele é um caso irônico de paradoxo. Ora apoiava o rei, mas lutava contra os interesses da Coroa, defendendo o colono e o índio no Brasil, mas não o negro. Para isso, ele se servia dos mitos bíblicos como camada discursiva que desse esteio aos argumentos históricos. Nesta tese, analisamos como a ironia, na Defesa perante o Tribunal do Santo Ofício no processo inquisitorial, é um traço fundamental manifestado pelas contradições existentes em seu discurso. Como corpus da pesquisa, selecionamos “Discurso em que se prova a vinda do Senhor Rei D. Sebastião”, “Esperanças de Portugal, Quinto Império do Mundo, primeira e segunda vida de El-Rei D. João o quarto. Escritas por GONSALIANES BANDARRA, e comentada pelo Padre Antônio Vieira da companhia de Jesus, e remetidas pelo dito ao Bispo do Japão, o Padre André Fernandes” e “Defesa do livro intitulado QUINTO IMPÉRIO, que é a apologia do livro CLAVIS PROPHETARUM, e respostas das proposições censuradas pelos senhores inquisidores: dadas pelo Padre Antônio Vieira, estando recluso nos cárceres do Santo Ofício de Coimbra”. A ironia, no entender da teoria tropológica de WHITE (1994) e PERELMAN, Chaïm. OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. (1996), pode ser a chave para compreender a Defesa de Vieira (texto declarado por ele como da ordem do real, pretensamente verídico, contudo situado entre os limites oscilantes entre a história e a literatura) como uma narrativa histórica pressupostamente figurativa. Mostramos, assim, que o autor se utilizou do modo do discurso jurídico para transparecer veridicidade aos fatos históricos, mas, como toda narrativa, não deixou de utilizar os artifícios imaginativos das artes, dos mitos, das tradições culturais populares. Impossível não considerar o que tem de ficcionalidade em seu discurso de Defesa, sua peça jurídica, pois encontramos, por seu caráter dissimulador de verdade, uma das maiores fontes de vitalidade e renovação da historiografia, que é a imaginação literária.
Abstract: Irony is seen as an argumentative-aesthetic form of Padre Antonio Vieira’s speech because it is a trope of consistency, especially because through irony we see a view of reality, a political way of being. The author uses arguments and metaphors from religion (his conservatism) and at the same time he presents himself as a defendant of ideas based in science, math, philosophy, astrology etc. (his progressive side). A critic of his age, Vieira embraced and at the same time put away the Baroque code – this is ironic by itself. His own history as well as the history of his work are a paradox. He supported the king but fought against the interests of the Crown, defending the colonized and the Indian in Brasil, but not the black people. For that, he used the biblical myths as a discursive layer to support the historic arguments. In this thesis, in the defense before the Court of the Holy Office in the inquisitorial process, we analyze how the irony is a fundamental trait expressed by the existing contradictions in its speech. For the corpus of this research we have seleceted “Discurso em que se prova a vinda do Senhor Rei D. Sebastião”, “Esperanças de Portugal, Quinto Império do Mundo, primeira e segunda vida de El-Rei D. João o quarto Written by GONSALIANES BANDARRA, commented by Padre Antônio Vieira from Companhia de Jesus, and sent to Bispo do Japão, Padre André Fernandes” and “Defesa do livro intitulado QUINTO IMPÉRIO”, that is the apology of the book CLAVIS PROPHETARUM, and answers to the propositioons censured by the inquisitors: given by Padre Antônio Vieira, that was reclused in the jails of Santo Ofício de Coimbra”. According to Hayden White (1994), and PERELMAN, Chaïm. OLBRECHTS-TYTECA, Lucie, (1996)irony can be a key to understand the Defense of Vieira (text said by him as royal, allegedly true but placed within the oscillating limits between history and literature) as a historic narrative assumed as figurative. Thus, we show that the author used the legal speech to imply veracity to historic facts but, as all narratives, it didn’t fail to use the imaginative abilities from works of arts, from myths and from the popular cultural traditions. Impossible do not consider what there is about fiction in his Defense speech, his juridical work, because we can find, based in his dissimulated character of truth, one of the biggest sources of vitality and renewal of historiography, that is the literary imagination.
Palavras-chave: Vieira, Antônio (Padre) – Discurso
Inquisição
Ironia – Argumentação
Defesa – Processo inquisitorial
Literatura
Vieira, Antônio (Padre) – Speeches
Inquisition
Irony – Argumentation
Defense - Inquisitorial process
Literature
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Alagoas
Sigla da Instituição: UFAL
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística
Citação: LEITE, Karine Vasconcelos. "Olhos, espelho e luz": o imbricamento de discursos e a ironia em Os autos de defesa, de Vieira, como marca de atualidade contínua do escritor. 2019. 98 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) – Faculdade de Letras, Programa de Pós Graduação em Letras e Lingüística, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2012.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.repositorio.ufal.br/handle/riufal/6298
Data do documento: 21-dez-2012
Aparece nas coleções:Dissertações e Teses defendidas na UFAL - FALE



Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.