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http://www.repositorio.ufal.br/jspui/handle/123456789/14134
Tipo: | Dissertação |
Título: | Acesso à avaliação genética e ao tratamento cirúrgico de fendas orais não sindrômicas no Sistema Único de Saúde: uma análise multicêntrica |
Autor(es): | Batista, Amanda Alves Feitosa |
Primeiro Orientador: | Monlleó, Isabella Lopes |
metadata.dc.contributor.advisor-co1: | Gil-da-Silva-Lopes, Vera Lúcia |
metadata.dc.contributor.referee1: | Scariot, Rafaela |
metadata.dc.contributor.referee2: | Melo, Débora Gusmão |
metadata.dc.contributor.referee3: | Oliveira, Michelle Jacintha Cavalcante |
Resumo: | Fendas orais (FO) são anomalias congênitas complexas e prevalentes. Em 3% a 63% dos casos ocorrem outras anomalias que podem modificar o status de fenda oral não-sindrômica (FONS) para fenda oral sindrômica. O diagnóstico estabelecido em avaliação genética permite o planejamento do tratamento ajustado às necessidades do paciente e o aconselhamento genético. O tratamento é longitudinal, multidisciplinar e perpassa todos os níveis de atenção à saúde. A realização da cirurgia primária na época adequada é fundamental para o sucesso da reabilitação. No Brasil, o tratamento especializado de FO é oferecido por uma rede de 30 hospitais habilitados pelo Ministério da Saúde na área de anomalias craniofaciais (HACF). No entanto, a distribuição geográfica e populacional desses hospitais não é consistente com a extensão do país, razão pela qual existem hospitais não-habilitados (HNACF) que também oferecem tratamento. O objetivo geral foi analisar o acesso à avaliação genética e à cirurgia primária de FONS em HACF e HNACF. Trata-se de um estudo quantitativo, retrospectivo, observacional, multicêntrico, com amostra de participantes com FONS atendidos em dois HACF e dois HNACF participantes do Projeto Crânio-face Brasil, sendo dois serviços localizados no Nordeste (Ceará e Alagoas) e dois na região Sul (Paraná e Rio Grande do Sul). Os dados foram coletados durante consulta ambulatorial através da ferramenta CranFlow que alimenta a Base Brasileira de Anomalias Craniofaciais (BBAC). Avaliação genética e queiloplastia após 12 meses de vida e palatoplastia após 18 meses foram classificadas como atrasadas. Inicialmente foi realizada análise descritiva, seguida da estimativa de associações entre os desfechos (atraso na avaliação genética, atraso na queiloplastia e atraso na palatoplastia) e as variáveis independentes (características do hospital, socioeconômicas e clínicas) por meio de razão de prevalência (RP) e Qui-quadrado de independência (χ2). Adotou-se intervalo de confiança de 95%. Oitocentos e quarenta participantes com FONS diagnosticados por médicos geneticistas foram registrados na BBAC entre 2008 e 2019. A proporção de participantes oriundos dos HACF e HNACF foi 2:1, sendo a maioria atendida em hospitais da região nordeste. A idade de entrada na BBAC variou de 1 dia de vida a 61 anos, com predomínio de crianças de até 12 meses, domiciliadas fora da cidade-sede do hospital, oriundas de famílias de baixa renda (< 3 salários mínimos) e com genitores de baixa escolaridade (até ensino fundamental). Fenda labial e palatal (FLP) ocorreu em 54,1%, fenda labial (FL) em 25,4% e fenda palatal (FP) em 20,5% dos casos. FLP predominou no sexo biológico masculino e FP no feminino, fendas unilaterais sobre bilaterais e esquerdas sobre direitas (p<0,001). A avaliação genética atrasada ocorreu em 46,9% dos participantes. A avaliação do acesso ao tratamento cirúrgico foi possível em 509 (60,6%) casos. Entre estes, 261 (51,3%) tiveram cirurgia atrasada. Participantes com FP e FLP tiveram um aumento significativo na prevalência de atraso na cirurgia comparado aos participantes com FL. Para 431 participantes eram necessárias 666 cirurgias primárias. Deste montante, 418 foram atrasadas, 219 das quais eram palatoplastias. Houve um aumento estatisticamente significativo na prevalência de atraso no reparo do palato comparado ao atraso no reparo do lábio. A análise das barreiras de acesso à avaliação genética e à cirurgia primária mostra maior prevalência de atraso para participantes acompanhados em HNACF, com genitores de baixa escolaridade e com domicílio fora das capitais onde estão localizados os hospitais. Ter atendimento em hospitais da região nordeste e pertencer a famílias de baixa renda também foram fatores adicionais associados ao atraso cirúrgico. As características genéticoclínicas da amostra corroboram a literatura sobre a epidemiologia das FONS ao redor do mundo. Em linhas gerais, metade dos participantes incluídos neste estudo apresentaram atraso na avaliação genética e/ou na reabilitação cirúrgica. Foram verificadas diferenças no acesso de pessoas com FONS à avaliação genética e à cirurgia, com maior desvantagem para as atendidas em HNACF e que necessitam palatoplastia. Os pacientes com FONS enfrentam muitas barreiras para acessar a avaliação genética e a cirurgia no Sistema Único de Saúde. Os resultados destacam e reforçam a necessidade de estabelecer uma política de saúde transversal, estruturada como linha de cuidado, tendo os HACF como uma rede de referência capaz de responder às necessidades de saúde não atendidas desta população. |
Abstract: | Oral clefts (OC) are complex and prevalent congenital anomalies. Associated dysmorphisms varies from 3% to 63% and may change the status from non-syndromic OC (NSOC) to syndromic OC. The diagnosis established through genetic assessment allows oriented treatment and genetic counseling. Treatment is longitudinal and multidisciplinary through the health system levels. Timely primary surgery (cheiloplasty and palatoplasty) is essential for successful rehabilitation. A network of 30 craniofacial hospitals accredited by the Ministry of Health (CFAH) provides specialized treatment in Brazil. However, throughout the country, non-CFAH also operate because of shortfall. This study aimed to investigate the access of persons with NSOC to genetic assessment and surgery through CFAH and non-CFAH. It was a quantitative, retrospective, observational, multicenter study with participants with NSOC, followed-up from 2008 until 2019 in two CFAH and two non-CFAH members of Brazil's Craniofacial Project. Data collection occurred during outpatient visits using the CranFlow platform that feeds the Brazilian Database on Craniofacial Anomalies (BDCA). Genetic assessment and cheiloplasty performed after 12 months-old and palatoplasty after 18 months-old were classified as delayed. Statistics comprised descriptive analysis, prevalence ratio (PR), and Chi-square of independence test (χ2) to assess associations between the outcomes (delay in genetic assessment, delay in cheiloplasty and delay in palatoplasty) and the independent variables (hospital, socioeconomic and clinical characteristics). A 95% confidence interval was adopted. Information on 840 participants with NOC fed the BDCA after genetic assessment. The proportion of participants from CFAH and non-CFAH was 2:1, with the majority attending hospitals in the Northeast of Brazil. The age at admission to the BDCA ranged from 1 day-old to 61 years old, children up to 12 months old predominance. Most lived outside the city where the hospital is located, had low-income families and parents with low education. Cleft lip and palate (CLP) occurred in 54.1%, cleft lip (CL) in 25.4%, and cleft palate (CP) in 20.5% of cases. CLP predominated in males and CP in female; unilateral over bilateral clefts, and left-sided over right-sided clefts (p<0.00). 46.9% of the sample experienced delay to access first genetic assessment. For 509 (60.6%) cases, it was possible to assess the access to surgical treatment, 261 (51.3%) of whom had surgical delay. Participants with CP and CLP had a significant increase in the prevalence of delayed surgery compared to participants with CL. For 431 participants, 666 primary surgeries were required. Among them, 418 surgeries were overdue, 219 of which were palatoplasties. There was a statistically significant increase in the prevalence of participants who needed palatoplasty compared to those who needed cheiloplasty. The analysis of the barriers to access to genetic assessment and primary surgery shows a higher prevalence of delay for participants followed up in non-CFAH, with parents with low levels of education and living outside the hospital's location. Be followed-up in hospitals located in the Northeast region and have short income family were further associated factors to surgical delay. Clinical-genetics characteristics of the sample corroborate the literature on the epidemiology of NSOC around the World. Overall, half of the participants included in this study had genetic assessment and/or surgical rehabilitation delayed. Differences were found in the access of patients with NSOC to genetic assessment and surgery, with a greater disadvantage for those followed at non-CFAH and needing palatoplasty. Patients with NSOC experienced many barriers to access genetic assessment and surgery through the Brazilian Unified Health System. These results highlight and strengthen the need to establish a transversal health policy, having the CFAH as a reference network able to address the unmet health needs of this population. |
Palavras-chave: | Fenda orofacial Genética Queiloplastia Palatoplastia Orofacial cleft Genetics Cheiloplasty Palatoplasty |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::MEDICINA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editor: | Universidade Federal de Alagoas |
Sigla da Instituição: | UFAL |
metadata.dc.publisher.program: | Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas |
Citação: | BATISTA, Amanda Alves Feitosa. Acesso à avaliação genética e ao tratamento cirúrgico de fendas orais não sindrômicas no Sistema Único de Saúde: uma análise multicêntrica. 2024. 81 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2023. |
Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://www.repositorio.ufal.br/jspui/handle/123456789/14134 |
Data do documento: | 31-ago-2023 |
Aparece nas coleções: | Dissertações e Teses defendidas na UFAL - FAMED |
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